
Por Jonathan Rocha, músico e escritor beat, 19 anos, de Porto Alegre/RS.
Talvez já tenha se dito ou especulado quase tudo sobre a vida e/ou carreira (artística) de Bob Dylan. Sobre os tempos reclusos, guerras conjugais, problemas com drogas, problemas com público, canções, interpretações falhas e também boas interpretações de sua obra. Mas acho que acima de qualquer pesquisa que se faça, acima de qualquer teoria, interpretação acadêmica, conversa de bar; está aquela sensação agradável (ou não) de ouvir uma canção, um suspiro que preenche a gaita, o toque dos dedos sujos na guitarra, ou no violão acústico, enfim, a sensação quase sempre única de ouvir algum trabalho do Dylan. E isso quer dizer que não importa o que o crítico disse sobre o disco, o que os fãs falam sobre a música ou que história ela guarda consigo, o que importa é o sentimento que eu sentirei quando os primeiros acordes soarem.
Não existe nenhum deus, nenhum herói, existe um cara compenetrado em escrever suas canções para desafiar o mundo, os críticos e - incrívelmente - os fãs. Toda interpretação que se faz, e isso não se vale apenas para as músicas do Dylan, é só metade do que a música representa, a outra metade não pode ser escrita, porque ela só se nota quando transborda pelo nosso corpo, seja em lágrimas ou em urros de raiva. Assim como as canções tribais, as sinfonias das metrópoles, as canções de Dylan simplesmente existem porque deveriam existir. Aquilo é um conjunto, Dylan traduz o asfalto quente, o óleo diesel, o canto do pássaro em retirada, a fumaça dos cigarros... e como interpretar uma coisa dessas? Só nos resta sentir e o que tornará isso mais interessante é que cada um sentirá da sua maneira, conforme ele vê ou sente o asfalto, os pássaros e os cigarros. As teorias, as conversas, as interpretações, são todas tentativas de explicar esse sentimento, não as julgo erradas, eu sempre que possível faço isso, é até um exercício para entender melhor estes sentimentos. Mas the answer is blowin´ in the wind, e o vento já passou, a gente só olha pelo retorvisor e sente um vazio no peito. Por isso, fumar um cigarro olhando o disco se movimentar na vitrola, calmamente junto com a melodia, é igual (ou melhor), que tragar aceleradamente em uma mesa de bar, atormentado por aditivos noturnos tentando conversar um outro que "Desire" é melhor que "Highway 61". São tentativas, são interpretações, pessoais, interpessoais, chapadas, ordenadas; são sentimentos, são movimentos internos. É apenas uma canção, um som dançando em nossos ouvidos, mudando gerações, fazendo pessoas entrarem ou sairem do buraco. Este é Bob Dylan.
Não existe nenhum deus, nenhum herói, existe um cara compenetrado em escrever suas canções para desafiar o mundo, os críticos e - incrívelmente - os fãs. Toda interpretação que se faz, e isso não se vale apenas para as músicas do Dylan, é só metade do que a música representa, a outra metade não pode ser escrita, porque ela só se nota quando transborda pelo nosso corpo, seja em lágrimas ou em urros de raiva. Assim como as canções tribais, as sinfonias das metrópoles, as canções de Dylan simplesmente existem porque deveriam existir. Aquilo é um conjunto, Dylan traduz o asfalto quente, o óleo diesel, o canto do pássaro em retirada, a fumaça dos cigarros... e como interpretar uma coisa dessas? Só nos resta sentir e o que tornará isso mais interessante é que cada um sentirá da sua maneira, conforme ele vê ou sente o asfalto, os pássaros e os cigarros. As teorias, as conversas, as interpretações, são todas tentativas de explicar esse sentimento, não as julgo erradas, eu sempre que possível faço isso, é até um exercício para entender melhor estes sentimentos. Mas the answer is blowin´ in the wind, e o vento já passou, a gente só olha pelo retorvisor e sente um vazio no peito. Por isso, fumar um cigarro olhando o disco se movimentar na vitrola, calmamente junto com a melodia, é igual (ou melhor), que tragar aceleradamente em uma mesa de bar, atormentado por aditivos noturnos tentando conversar um outro que "Desire" é melhor que "Highway 61". São tentativas, são interpretações, pessoais, interpessoais, chapadas, ordenadas; são sentimentos, são movimentos internos. É apenas uma canção, um som dançando em nossos ouvidos, mudando gerações, fazendo pessoas entrarem ou sairem do buraco. Este é Bob Dylan.

Texto originalmente publicado no blog http://thesadparadise.blogspot.com/
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