O amigo dylanesco Miguel Cordeiro, consegui captar de uma forma bem particular, a essência de 'Tempest', álbum de Bob Dylan, recém-lançado, com seu desenho sobre papel e um belo texto, que reproduzimos abaixo, no qual faz uma breve resenha do novo disco do velho bardo!
Bob Dylan e a Tempestade
A resposta que soprava com o vento que Bob
Dylan falou no início da década de 1960 era uma brisa de esperança em
uma época que ainda restava hipóteses de fraternidade universal. Mas
agora, ao lançar o álbum Tempest, o poeta
roqueiro da contracultura vocifera um amontoado de dúvidas sobre um
mundo violento, desesperançado, envolto por tempestades sem previsão
para acabar e nem sinal de bonança no horizonte.
Aos 71 anos de
idade, o artista Dylan continua em plena forma. Algo quase impossível
de se pensar para um astro da música popular que iniciou carreira há
cinquenta anos atrás. E se sua voz soa desagradável para os apreciadores
do bel canto, ela se encaixa como uma luva para aquilo que ele se
propõe a dizer. As palavras emergem das catacumbas da alma na melhor
tradição dos velhos blueseiros.
Sua poesia musicada está tão afiada quanto nos melhores tempos, porém enxuta, com versos curtos e menos discursivos. As imagens que surgem de Tempest falam de cadáveres arrastados na lama, feridas abertas em sangue, políticos que mijam nas pessoas, reis que destroem cidades e indivíduos, vinhos envenenados, o desespero dos náufragos do Titanic, e os tiros que mataram seu amigo John Lennon.
A sonoridade de Tempest segue o padrão que Dylan estabeleceu para sua criação a partir de Love and Theft, álbum de 2001. Rocks básicos, blues, folk e o cancioneiro pré-rock´n´roll dos anos 1930 e 1940. Nada de influências moderninhas, nenhum acorde de guitarras distorcidas simuladas através de processos digitais que se tornaram padrão no rock marqueteiro do hype dos últimos quinze anos.
Tudo em Tempest é propositalmente elaborado para estar do lado oposto ao que existe na cena da música pop atual. A coisa é crua, feita na mão, na unha. E apesar do clima sombrio e apocalíptico que as canções evocam, Dylan e sua fantástica banda de apoio parecem se divertir enquanto executam a trilha sonora destes dias malucos. Até parece a orquestra do Titanic nos momentos finais.
Sua poesia musicada está tão afiada quanto nos melhores tempos, porém enxuta, com versos curtos e menos discursivos. As imagens que surgem de Tempest falam de cadáveres arrastados na lama, feridas abertas em sangue, políticos que mijam nas pessoas, reis que destroem cidades e indivíduos, vinhos envenenados, o desespero dos náufragos do Titanic, e os tiros que mataram seu amigo John Lennon.
A sonoridade de Tempest segue o padrão que Dylan estabeleceu para sua criação a partir de Love and Theft, álbum de 2001. Rocks básicos, blues, folk e o cancioneiro pré-rock´n´roll dos anos 1930 e 1940. Nada de influências moderninhas, nenhum acorde de guitarras distorcidas simuladas através de processos digitais que se tornaram padrão no rock marqueteiro do hype dos últimos quinze anos.
Tudo em Tempest é propositalmente elaborado para estar do lado oposto ao que existe na cena da música pop atual. A coisa é crua, feita na mão, na unha. E apesar do clima sombrio e apocalíptico que as canções evocam, Dylan e sua fantástica banda de apoio parecem se divertir enquanto executam a trilha sonora destes dias malucos. Até parece a orquestra do Titanic nos momentos finais.
Quem quiser conferir um pouco mais da arte de Miguel, segue o link: http://www.miguelcordeiroarquivos.blogger.com.br/index.html
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