Nesta sexta-feira, 21/03, finalmente estréia no Brasil o filme “I´m Not There”, do talentoso diretor da nova geração do cinema americano, Todd Haynes. O filme, muito além de uma cinebiografia, é uma representação livre do universo de Bob Dylan e suas diversas facetas: jovem poeta, ícone do movimento folk, roqueiro rebelde, cristão convertido, caubói solitário e, sobretudo, porta-voz de toda uma geração. Um artista cujas revoluções musicais e estéticas foram um espelho das transformações no mundo ao longo de todos esses anos. Ao longo do filme, Haynes procura evitar reduzir Dylan a um tipo facilmente definível e dá uma idéia da dificuldade de classificar o mito. Para tanto, ousa fazer com que seis atores interpretem as diversas fases e aspectos diferentes da vida do artista: Christian Bale, Cate Blanchett, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Heath Ledger (falecido recentemente) e Ben Wishaw são todos Bob Dylan, ou alter-egos de Bob Dylan... Para alguns críticos, tudo não passa de um delírio do diretor, mas a maioria recebeu bem o filme, nas pré-estréias e festivais espalhados pelo planeta, como um retrato poético e surreal do maior compositor popular de todos os tempos, uma visão completa e multifacetada do mito. É bem verdade que os atores ajudam muito. Eles vivem personagens com nomes diferentes, que fazem referência às diversas influências e passagens da vida do biografado, porém fica muito evidente que representam fases ou facetas de um mesmo homem. Todos em atuações acima da média, encarnam o homem, a criança, o poeta, o cantor, o rebelde... Todos num único sujeito, num artista que se reinventa e que tudo o que quis, foi tradurzir-se em suas próprias canções... Nesse aspecto, o filme atende perfeitamente ao propósito. Bob Dylan é um artista em constante transformação, mas ao mesmo tempo, um homem coerente com certos princípios básicos. I´m Not There é de uma poesia moderna, que foge à métrica tradicional, mas que encanta justamente por isso. Genial a maneira que Todd Haynes nos mostra a vida, as músicas, a obra de Bob Dylan. O próprio título do filme ajuda nesse contexto. “Não estou lá”. É como se o próprio Dylan nos dissesse: -“É assim que vocês me vêem, mas eu não estou ali, parado, imóvel. Estou em constante movimento, estou por aí, em transformação, sou múltiplos de mim mesmo...” Haynes não procura simplesmente captar as metamorfoses de Dylan. Ele vai além. Para cada faceta do músico, há um estilo diferente. É como se fossem episódios de um mesmo filme, mas incrivelmente, embora as partes sejam dissonantes entre si, a harmonia do todo resta preservada. A fotografia inclusive, é um dos pontos altos do filme. Ora em preto e branco, ora num colorido onde sobressaem vários tons de amarelo. É bem verdade que o filme irá agradar principalmente aos fãs de Bob Dylan. Para quem nunca leu nada a respeito da trajetória do músico, o filme pode parecer um pouco confuso. Mesmo assim, vale a pena assisti-lo. É um projeto ambicioso, desafiador, mas atores e diretor conseguem suplantar todos os obstáculos, buscando uma maneira criativa de não aprisionar o biografado. “I´m Not There” é um filme arrebatador, que não se encerra num nicho fechado. Um filme, assim como o artista em tela, múltiplo e singular!
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2 comentários:
Oi Sergio, tudo bom?
Que legal que gostou dos textos. Também escrevi sobre o I´m not there no meu blog. Não sei se vc viu. Tá uns posts antes. Uma amiga minha gravou em DVD para eu ver (não aguentei esperar) heheh.
Muito bonito o seu relato sobre o show. Gostei muito. Gostei do blog todo. Será que teremos tanto assunto sobre o Dylan para manter o blog eternamente? heheh
Acredito que sim.
Abraços!!
Opa Sérgio, legal seu blog... eu só espero q o filme estreie por aqui (goiânia anda negligenciando bons filmes)
dá uma olhada no meu blog, q tem um assunto bem diferente: mageek.wordpress.com
até
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